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Com bambu e barro, mulheres constroem centro para pessoas com deficiência

Uma construção impressionante foi erguida em Rudrapur, um vilarejo no norte de Bangladesh. Foram usadas técnicas e materiais locais para dar forma ao espaço que surgiu para suprir uma importante demanda. 

Batizado de Centro Anandaloy, o primeiro andar funciona como um centro de atendimento a pessoas com deficiência. De acordo com o Studio Anna Heringer, responsável pelo projeto, frequentemente, deficiências são vistas como “karma” pelos habitantes de Bangladesh. Isso faz com que pessoas portadoras de deficiência não sejam incluídas na sociedade. “Elas não são facilmente vistas pelas ruas do país, ficam mais escondidas”, afirma o escritório.

Fechar os olhos para tais pessoas e suas dificuldades talvez seja uma das razões por outra realidade apontada pelos arquitetos: a falta de centros de acolhida que são “raros no país e inexistentes em áreas rurais”.

A ideia inicial era apenas atender a esta necessidade, mas logo foi ampliado para acolher um pequeno atelier têxtil gerido por mulheres. No espaço, elas podem desenvolver seu trabalho que será comercializado em feiras locais – contribuindo para o desenvolvimento econômico e cultural da comunidade.

Mão na massa

Participar ativamente da construção de algo é realmente transformador. É por isso que mais que entregar um espaço pronto, o estúdio de arquitetura envolveu toda a comunidade. Os próprio moradores, em sua maioria mulheres, colocaram a mão na massa. Também alguns futuros pacientes do Centro ajudaram. 

Apesar da premiada arquiteta Anna Heringer e sua equipe serem alemãs, a obra foi gerida por construtores de Bangladesh. Para isso, foram firmadas parcerias com empresas e trabalhadores locais.

Fotos: Kurt Hoerbst e Stefano Mori

A escolha por bambu e estruturas de taipa levou em conta os materiais disponíveis localmente, criando assim uma arquitetura sustentável, mas também de forte identidade para os habitantes.  

“A tradicional técnica local de construção em barro permite levantar paredes sem a necessidade de qualquer sistema de cofragem. Tal método possibilita construir paredes curvas com extrema facilidade. Por este motivo, contrapondo-se à maioria dos outros edifícios da região, o Centro Anandaloy é uma estrutura dinâmica, modelada pela maleabilidade do barro. Suas paredes parecem dançar enquanto a rampa serpenteia alegremente até o acesso do edifício. De modo simbólico, a estrutura parece nos dizer: que seja bem vinda a nossa diversidade”, descreve a equipe responsável. 

Fotos: Kurt Hoerbst e Stefano Mori

Além das paredes de barro, foi usado o bambu no teto e na edificação de pilares. O telhado foi feito ainda com chapas de metal e palha.

O projeto venceu o Prêmio OBEL 2020, uma premiação internacional que homenageia as contribuições arquitetônicas notáveis para o desenvolvimento humano em todo o mundo.

Por Ciclovivo

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