Fashion, sustentável e do lar: a hora e a vez do bioglitter
A “receita” é simples. Água, ágar-ágar e mica. O glitter biodegradável conquista timidamente as prateleiras e hasteia a bandeira de um consumo sustentável consciente, com baixo impacto ambiental e produção sustentável, boa durabilidade e fácil descarte. É a hora e a vez do bioglitter, um produto que alegra os foliões de plantão, que podem pular blocos sem peso na consciência.
O bioglitter da marca carioca Pura Bioglitter começou o empreendimento em 2016 com Frances Sansão. Assídua no uso do produto para além das folias de Carnaval, a empreendedora meteu a mão na massa quando não encontrou uma alternativa sustentável para os microplásticos que poluem os Oceanos. O resultado é o que ela carinhosamente descreve como uma “comida de peixe brilhante”, um glitter que tem boa durabilidade e que se dilui mais facilmente quando em contato com água e sabão, com os ingrediente voltando aos seus estados originais.
“É totalmente diferente do glitter normal, que é um microplástico super estático”, explica Cintia Naomi, do coletivo Santa Mana, “o nosso produto é leve e volumoso”. Ao lado de mais “11 manas”, Cintia produz o bioglitter desde 2017, em São Paulo, em um processo que dura de 3 a 5 dias, e que busca ter o menor impacto ambiental possível. “A gente faz uma pasta de alga e mica e põe para secar. E secamos tudo com energia solar. É uma empresa de super baixo impacto ambiental, a gente só usa energia solar e é isso. Quando essa pasta está seca, ela vira uma folhinha e a gente tritura isso em casa”, explica. E a preocupação não se resume ao resultado final.
Cintia conta ainda que existe um cuidado com a eleição de fornecedores com certificação e também com a questão social do seu serviço. “Esse nicho é desenvolvido por mulheres. É um produto feito aqui, vai ter uma pessoa fazendo glitter do lado da sua casa. Eu não quero cliente do Amazonas, eu quero que o Amazonas produza, que a gente possa fazer isso localmente”, conta, “a gente só lembra do glitter no Carnaval, mas temos que pensar que o glitter está presente o ano inteiro, por exemplo, no material escolar de colégios particulares, ele está na lista”.
Boas práticas
Repensar a quantidade de glitter é uma das dicas que empreendedoras dão para o bom uso do glitter biodegradável. “ A gente quer que as pessoas também vejam que o glitter não é para fazer chuva de glitter, que é um produto que é feito artesanalmente, com tanto amor, é para ser usada com cuidado. Então nosso potinho é para durar o Carnaval inteiro e, de repente, sobrar um pouquinho. Se você não for usar no corpo, se você for usar só no rosto, é para durar o Carnaval inteiro”, explicou Cíntia
Mas além disso, há alguns truques para que o produto tenha uma boa durabilidade e aderência. “É bom usar primer”, conta Frances, “mas já testamos com pomada, manteiga de Karité, manteiga de cacau, e de todas as coisas que a gente usou, o gel é realmente a melhor coisa para fixar”. O “gel” é o uma pasta, produzida em várias cores pela Pura Bioglitter (e em uma única versão pela Santa Mana), que também pode deixar o folião mais brilhoso. Cintia sugere também evitar produtos com grande quantidade de água. “Como o bioglitter é feito à base de alga, ele vai derretendo, mas não some, só perde um pouco do brilho”, explica, “a ideia dele é justamente durar o que ele tem que durar, que é, um dia. E o legal é que o próprio corpo ele vai se responsabilizar por esse “lixo” que a gente está produzindo. Então o seu suor já vai aos poucos te ajudando a tirar ele pra quando você chegar no chuveiro”.
E o descarte, é claro, é o grande benefício desse produto. O da Pura Bioglitter leva 3 dias para se decompor tanto em água quanto em composteira. Já o da Santa Mana se dissolve em três minutos em água corrente e demora 30 dias para se degradar. Já o glitter convencional desaparece do meio ambiente depois de 300 anos.
Serviço
Pura Bioglitter
Instagram: @purabioglitter
Santa Mana
Instagram: @santamana.br
Por Terra
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