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Empresa cria louças usando restos de cerâmica, vidro e pedra

Reaproveitar 100% de resíduos para dar vida a novos e belíssimos utensílios domésticos é o que faz a empresa Granby Workshop, sediada em Liverpool – a cidade dos Beatles. A companhia dá mais um exemplo de que criações podem, e devem, levar em consideração tudo que já temos disponíveis hoje e, o melhor, sem deixar a beleza de lado.

A empresa usa vidro triturado, ladrilhos antigos, lodo de fábrica, entre outros resíduos que seriam descartados para criar uma linha totalmente feita com materiais reciclados. Batizada de Granbyware, a coleção é composta por pratos, tigelas e canecas.

“Trabalhamos em estreita colaboração com empresas especializadas em gerenciamento de resíduos para identificar uma variedade de fluxos de resíduos que poderiam ser aproveitados para a produção de cerâmica”, explica a companhia que lançou uma campanha Kickstarter para tornar o projeto viável em escala. “Estamos esmagando vidro, extraindo ferrugem, peneirando areia e explorando os extraordinários processos invisíveis que remontam aos bastidores do maravilhoso mundo do gerenciamento de resíduos”, completa.

Fotos: Granby Workshop

Problema

A Granby Workshop explica que, no Reino Unido, milhões de toneladas de resíduos de cerâmica, vidro e pedra vão parar no aterro todos os anos. Por outro lado, ainda desenterramos toneladas de novas matérias-primas. E qual o sentido disso? Somente a mineração de argila da porcelana produz nove toneladas de resíduos para cada uma tonelada de argila extraída. Basta pensar nas inúmeras barragens de rejeitos se rompendo aqui no Brasil para entender que precisamos questionar seriamente esta questão. Aliás, com menos alarde que Brumadinho, uma barragem com rejeitos de mineração de ouro se rompeu próximo a Cuiabá na última terça-feira. A tendência é que casos do tipo continuem a acontecer.

Fotos: Granby Workshop
Fotos: Granby Workshop
Fotos: Granby Workshop

Solução

Foi pensando nestas questões que a companhia inglesa decidiu desenvolver materiais inteiramente a partir de resíduos – nada de aglutinantes ou aditivos. Além disso, priorizou-se o uso de materiais locais. Veja mais detalhes dos itens escolhidos, após muitas experimentações:

Resíduos de argila industrial: Antes que a água retorne à rede elétrica de uma fábrica que produz louças, vasos sanitários ou quaisquer outros produtos cerâmicos, ela precisa estar limpa – para que todos os resíduos de lama sejam filtrados como lixo. Essas partículas super finas de águas residuais são o que une nosso corpo de argila.

Vidro reciclado: triturado em pó fino para formar a base do esmalte.

Resíduos de pedreiras: Pós de ardósia, granito e mármore. Eles adicionam quantidades variáveis ​​de cálcio, sódio, ferro e óxido de potássio, que nas quantidades certas controlam o derretimento do esmalte.

Tijolos refratários reciclados: Tijolos quebrados de fornos e fornos demolidos, moídos em pó. Isso fornece alumina e magnésio, que ajuda a derreter, endurecer e fortalecer o esmalte.

Resíduos de cerâmica queimados: Pratos, telhas, tijolos, tigelas quebrados, esmagados em pó fino. Usado para reduzir defeitos de encolhimento e esmalte, mas também para adicionar um toque de cor.

Por Marcia Souza, Ciclovivo/

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